Dicas para o ENEM
Cinco maneiras para iniciar um texto.
Dissertação 9 minutos
Como elaborar uma dissertação
Estruturar um texto partes - 2 miutos
Estruturar um texto 4 minutos
Exercícios sobre textos
TEXTO.
A Filosofia teve origem na tentativa humana de
escapar para um mundo em que nada mudasse. Platão,
fundador dessa área da cultura que hoje chamamos
Filosofia, supunha que a diferença entre o passado e o futuro seria mínima.
Foi somente quando começaram a levar a História e o
tempo a sério que os filósofos colocaram suas esperanças quanto ao futuro deste
mundo no lugar antes ocupado por seu desejo de conhecer um outro
mundo.
A tentativa de levar o tempo a sério começou com
Hegel, que formulou explicitamente suas dúvidas
quanto à tentativa platônica de escapar do tempo e
mesmo quanto ao esforço de Kant em achar condições
a-históricas de possibilidade de fenômenos
temporais. A Filosofia distanciou-se da questão "O que somos?"
para focalizar "O que poderíamos vir a
ser?"
1. Assinale a opção concordante com as idéias do texto.
A. Platão não só foi o filósofo que superou as formulações de Hegel e
Kant relativas aos fenômenos temporais como foi o que cogitou na idéia de
futuro.
B. Inicialmente, em suas origens, a Filosofia se interessou pelas
condições não-históricas das transformações temporais a que os seres humanos se
sujeitam.
C. Os filósofos sempre se preocuparam prioritariamente com a questão da
passagem do tempo e das conseqüentes mudanças históricas.
D. Hegel inaugurou, na Filosofia, as cogitações relativas ao tempo e às
condições históricas dos fenômenos temporais.
E. A Filosofia nasceu marcada pelo interesse do homem em sondar as
suas próprias possibilidades de transformação e mudança no tempo e na História.
TEXTO.
Quando a justiça entra em conflito com a lealdade,
essa última geralmente leva a melhor. Muitos de nós alimentamos e protegemos
nossas famílias antes de podermos pensar nas necessidades de nossos vizinhos.
Muitos de nós estamos muito mais interessados no bem-estar dos nossos
compatriotas do que na situação das pessoas do outro lado do mundo.
2. Em relação às idéias do texto, assinale a opção incorreta.
(A) O senso de justiça entre indivíduos de povos diferentes é superior à
lealdade que se dispensa aos familiares mais próximo.
(B) A lealdade geralmente prevalece sobre a justiça quando há conflito
entre as duas forças.
(C) O pensamento relativo às necessidades dos nossos conhecidos é
secundário em relação às preocupações com os familiares.
(D) O interesse pelas causas nacionais é prioritário em relação aos
contextos do exterior.
(E) A solidariedade entre pessoas de uma mesma nacionalidade sobrepõe-se
à solidariedade para com povos estrangeiros.
TEXTO.
Prever o futuro é tão arriscado que, podendo sempre errar, é
preferível errar pelo otimismo. E há boas razões para ser otimista quanto à
democracia. Nos últimos 20 anos, dobrou ou triplicou o número de pessoas que
não vivem em ditadura. Talvez seja demais chamar Ucrânia ou El Salvador
hoje de Estados democráticos, mas certamente há bem mais liberdade nesses
países ou no Brasil, após a queda do comunismo e das ditaduras apoiadas pelo
primeiro mundo, do que havia em 1980. A conjuntura mundial torna difícil o
cenário usual, que era a rigorosa repressão ante o avanço de reivindicações
populares.
3. Em relação ao texto, assinale a opção correta.
a) Pode-se inferir do texto que atualmente não há clima favorável à
repressão de movimentos populares.
b) Até há pouco tempo não havia restrições às demandas e reivindicações
de segmentos insatisfeitos da sociedade.
c) A expressão “tão arriscado que” pode ser substituída por tão
arriscado quanto sem prejuízo para a correção do texto.
d) Se a palavra “certamente” vier entre vírgulas o texto transgride
as normas de pontuação.
e) A vírgula após “usual” indica que a oração a seguir é
restritiva.
TEXTO.
O quadro geral de apaziguamento abre espaço para a
expansão da democracia. Mas resta muito por fazer. Mais que tudo, é preciso
desenvolver a idéia de que a democracia não é só um regime político, mas um
regime de vida. Quer dizer que o mundo dos afetos deve ser democratizado. É preciso
democratizar o amor, seja paternal ou filial; a amizade; o contato com o
desconhecido: tudo o que na modernidade fez parte da vida privada. É preciso
democratizar as relações de trabalho, hoje tuteladas pela propriedade privada.
A democracia só vai se consolidar, o que pode tardar décadas, quando passar das
instituições eleitorais para a vida cotidiana. É claro que isso significa
mudar, e muito, o que significa democracia. Cada vez mais ela
terá a ver com o respeito ao outro.
4. Assinale a opção que está em desacordo com as idéias do texto.
a) A noção de regime político é mais restrita que a noção de regime de
vida.
b) Pode-se inferir que as relações de trabalho tuteladas pela
propriedade privada não são suficientemente democráticas.
c) A proposta de ampliação do conceito de democracia transcende as
questões públicas e políticas e invade o universo individual e privado.
d) A consolidação da democracia tem como condição a abrangência das
questões da vida cotidiana.
e) A mudança do conceito de democracia é uma transformação que está
ocorrendo na sociedade e seus resultados serão vistos brevemente.
TEXTO.
Na pesquisa para avaliar a gestão nas
empresas em relação à qualidade no setor de software, foram considerados os
seguintes fatores: a elaboração de planos estratégicos, a inclusão de metas
consistentes, a coleta de indicadores precisos, a contabilidade adequada de
custos, a implantação de programas de qualidade total e a certificação dos
sistemas.
O relacionamento das empresas com seus empregados
foi acompanhado a partir de aspectos da participação dos mesmos na solução de
problemas, sua satisfação e oportunidades de aperfeiçoamento profissional. O
relacionamento com o mercado era avaliado considerando-se a realização de
pesquisas de expectativa e de satisfação junto aos clientes; a existência de
estruturas de atendimento; a resolução de reclamações e o uso desses tipos de
dados na revisão de projetos ou na especificação de novos produtos e serviços.
Procedimentos específicos para qualidade em
software foram medidos por indicadores referentes à adoção de métodos de
engenharia para prevenção ou detecção de defeitos, à utilização de ferramentas
automatizadas de desenvolvimento e ao tipo de documentação adotada.
Adicionalmente, todo um conjunto de aspectos foi levantado vi¬sando à
caracterização das empresas e do software desenvolvido no Brasil.
5. Em relação ao texto, assinale a opção correta.
a) As escolhas sintáticas e lexicais do texto são apropriadas para um
texto de relatório.
b) Para que a pontuação do texto se torne correta é necessário
substituir as quatro vírgulas após o sinal de dois pontos por sinais de
ponto e vírgula.
c) O uso da voz passiva em “foi acompanhado” tem o efeito
estilístico de explicitar e reforçar o papel do agente da ação.
d) Em “O relacionamento com o mercado era avaliado”, a transformação da
voz passiva analítica para sintética corresponde a: Avaliou-se o relacionamento
com o mercado.
e) O uso do pretérito indica que a pesquisa a que o texto se refere está
em andamento.
TEXTO.
O mundo é grande
O mundo é grande e cabe
Nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
Na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
No breve espaço de beijar.
6. Neste poema, o poeta realizou uma opção estilística: a reiteração de
determinadas construções e expressões lingüísticas, como o uso da mesma
conjunção para estabelecer a relação entre as frases. Essa conjunção
estabelece, entre as idéias relacionadas, um sentido de:
(A) oposição.
(B) comparação.
(C) conclusão.
(D) alternância.
(E) finalidade.
TEXTO.
Oh! Que saudades
Do luar da minha terra
Lá na serra branquejando
Folhas secas pelo chão
Este luar cá de cidade
Tão escuro não tem aquela saudade
Do luar lá do sertão!
7. Os versos acima ilustram características do Arcadismo:
a) exaltação à natureza da terra natal.
b) declarada contenção dos sentimentos.
c) expressão de sentimentos universais.
d) volta ao passado para escapar das agruras do presente.
e) oposição entre o campo e a cidade.
TEXTOS.
I – “A parança que foi ¾ conforme estou vivo lembrado ¾ numa vereda sem nome nem fama, corguinho deitado
demais, de água muito simplificada.”
II – “...penetrar no universo do grande sertão é
trilhar as veredas da poesia e, com Riobaldo, propor-se
grandes questionamentos.”
III – “Após a batalha, os jagunços pararam para
descansar num curso d’água orlado de buritis.”
8. Observando as relações entre as expressões grifadas, é correto
afirmar que ocorre:
a)
homonímia entre I e II e antonímia entre I e III.
b)
polissemia entre I e II e sinonímia entre I e III.
c) paronímia
entre I e II e homonímia entre I e III.
d)
homonímia entre I e II e sinonímia entre II e III.
TEXTO.
Leia o
excerto abaixo extraído de uma suposta entrevista com Riobaldo, personagem
de Grande sertão: veredas.
“Mire e veja o leitor e a leitora: se não houvesse Brasil, não haveria
‘Grande sertão: veredas’, não haveria Riobaldo. Deviam ter pensado que pelo
menos para isso serviu. E o resto é silêncio. Ou melhor, mais uma pergunta
senhor Riobaldo. O que é silêncio?
R ¾ O senhor sabe o que o
silêncio é? É a gente mesmo, demais.”
(Alberto
Pompeu de Toledo, Veja).
9. No
trecho acima, predominam as seguintes funções da linguagem:
a)
poética e fática.
b) fática
e conativa.
c)
expressiva e poética.
d)
conativa e metalingüística.
TEXTOS.
Leia as
observações abaixo a respeito de Grande sertão veredas.
I – A história é narrada, durante três dias, a alguém culto, que toma
notas, mas que não aparece explicitamente no corpo da narrativa. As falas desse
homem da cidade não são reproduzidas no livro. Sabemos de suas intervenções
somente por meio das respostas de Riobaldo.
II – Como se trata da longa fala de um fazendeiro do noroeste de Minas
Gerais, que foi jagunço e não teve muito estudo, a linguagem do livro é marcada
por expressões típicas do lugar em que vive o narrador-perso-nagem, por
provérbios e exemplos tirados do seu cotidiano rural.
III – Quanto à estruturação do romance, não há divisão em capítulos. O
início se dá com um travessão, marcando a fala de um personagem ¾ Riobaldo ¾ fala
essa que só é interrompida quando ele acaba de contar a história.
IV – As histórias contadas por Riobaldo desenrolam-se no sertão, o
espaço síntese onde as ações humanas são refletidas. Nele, cada rio, cada
vereda, cada árvore ou pássaro, sem deixarem de pertencer ao mundo natural,
mantêm profunda correspondência com a esfera humana. Daí a preocupação do autor
com uma delimitação geográfica precisa, que o mantém fiel aos nomes de rios e
cidades existentes na região.
10. Com
relação ao romance de Guimarães Rosa, estão corretas as assertivas:
a) I e
IV.
b) I, II
e III.
c) I, III
e IV.
d) II,
III e IV.
TEXTO.
“E Maria Mutema, sozinha em pé, torta magra de preto, deu um gemido de
lágrimas e exclamação, berro de corpo que faca estraçalha. Pediu perdão! Perdão
forte, perdão de fogo, que da dura bondade de Deus baixasse nela, em dores de
urgência, antes de qualquer hora de nossa morte. E rompeu fala, por entre
prantos, ali mesmo, a fim de perdão de todos também, se confessava.”
11. Nesse
episódio de Grande sertão: veredas, Maria Mutema confessa ter:
a)
assassinado o marido e provocado a morte do vigário.
b)
despejado chumbo derretido no ouvido do vigário, enquanto este dormia.
c) matado
o marido de desgosto ao confessar seu amor pelo vigário.
d)
mantido um relacionamento pecaminoso com o finado vigário, com o qual teve três
filhos.
TEXTO.
O GRANDE AMOR.
Tom Jobim
e Vinícius de Moraes.
Haja o que houver
Há sempre um homem para uma mulher
E há de sempre haver
Para esquecer um falso amor
E uma vontade de morrer
Seja como for
Há de vencer o grande amor
Que há de ser no coração
Como um perdão para quem chorou.
12. Sobre
o texto acima, é correto afirmar que:
a) possui
interdependência entre elementos argumentativos e descritivos, os quais são
transformados em poesia.
b) narra,
poeticamente, a história de um personagem que conseguiu esquecer um falso amor
quando encontrou um grande amor.
c)
apresenta um narrador que expõe seu ponto de vista sobre o relacionamento
amoroso, usando o procedimento de auto-referência.
d) expressa
a idéia, por meio de elementos discursivos, arranjados numa linguagem
poética-argumentativa, de que o verdadeiro amor sempre vence.
TEXTO.
“Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que agrupa significados
que se excluem mutuamente. Para Garfield, a frase de saudação de Jon expressa o
maior de todos os oxímoros”.
13. Nas
alternativas abaixo, estão transcritos versos retirados do poema "O
operário em construção". Pode-se afirmar que ocorre um oxímoro em:
(A)
"Era ele que erguia casas
Onde
antes só havia chão."
(B)
"...a casa que ele fazia
Sendo a
sua liberdade
Era a sua
escravidão."
(C)
"Naquela casa vazia
Que ele
mesmo levantara
Um mundo
novo nascia
De que
sequer suspeitava."
(D)
"... o operário faz a coisa
E a coisa
faz o operário."
(E)
"Ele, um humilde operário
Um
operário que sabia Exercer a profissão."
(Vinícius
de MORAES. Antologia Poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992).
TEXTO.
"Os progressos da medicina condicionaram a sobrevivência de número
cada vez maior de indivíduos com constituições genéticas que só permitem o
bem-estar quando seus efeitos são devidamente controlados através de drogas ou
procedimentos terapêuticos. São exemplos os diabéticos e os hemofílicos, que só
sobrevivem e levam vida relativamente normal ao receberem suplementação de
insulina ou do fator VIII da coagulação sanguínea".
14. Essas
afirmações apontam para aspectos importantes que podem ser relacionados à
evolução humana. Pode-se afirmar que, nos termos do texto:
(A) os
avanços da medicina minimizam os efeitos da seleção natural sobre as
populações.
(B) os
usos da insulina e do fator VIII da coagulação sanguínea funcionam como agentes
modificadores do genoma humano.
(C) as
drogas medicamentosas impedem a transferência do material genético defeituoso
ao longo das gerações.
(D) os
procedimentos terapêuticos normalizam o genótipo dos hemofílicos e diabéticos.
(E) as
intervenções realizadas pela medicina interrompem a evolução biológica do ser
humano.
TEXTO.
Cortando fronteiras com capital e tecnologia, as multinacionais otimizam
mercados, recursos naturais e políticos em escala mundial. Uma nova forma de
acumular lucros, uma nova divisão internacional do trabalho.
15. A
nova divisão internacional do trabalho apresentada no texto tem como causa a
seguinte atuação das multinacionais:
a)
aplicação de capitais em atividades agropastoris nos países periféricos.
b)
implantação de filiais em países de mão-de-obra barata.
c)
participação em mais de um ramo de atividade.
d)
importação de matérias-primas do Terceiro Mundo.
e) exploração
de novas fontes de energia.
TEXTO.
No trecho
abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro
estilo de época: o romantismo.
"Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era
talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza a mais
voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as
mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a
realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe
maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das
mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo
passa a outro indivíduo, para fins secretos da criação."
16. A
frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está
transcrita na alternativa:
a) ...o
autor sobredoura a realidade e fecha oa solhos às sardas e espinhas...
b) ...era
talvez a mais atrevida criatura da nossa raça ...
c) Era
bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e
eterno, ...
d)
Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos...
e) ...o
indivíduo passa a outro indivíduo, para fins secretos da criação.
TEXTOS.
Rui
Guerra e Chico Buarque de Holanda escreveram uma peça para teatro chamada
Calabar, pondo em dúvida a reputação de traidor que foi atribuída a Calabar,
pernambucano que ajudou decisivamente os holandeses na invasão do Nordeste
brasileiro, em 1632.
-Calabar
traiu o Brasil que ainda não existia? Traiu Portugal, nação que explorava a
colônia onde Calabar havia nascido? Calabar, mulato em uma sociedade escravista
e discriminatória, traiu a elite branca?
Os textos
referem-se também a esta personagem.
Texto I:
" ... dos males que causou à Pátria, a História, a inflexível
História, lhe chamará infiel, desertor e traidor, por todos os séculos.
"
Texto II:
"Sertanista experimentado, em 1627 procurava as minas de Belchior Dias
com a gente da Casa da Torre; ajudara Matias de Albuquerque na defesa do
Arraial, onde fora ferido, e desertara em conseqüência de vários crimes
praticados..." (os crimes referidos são o de contrabando e roubo).
17.
Pode-se afirmar que:
a) A peça
e os textos abordam a temática de maneira parcial e chegam às mesmas
conclusões.
b) A peça
e o texto I refletem uma postura tolerante com relação à suposta traição de
Calabar, e o texto II mostra uma atitude contrária à atitude de Calabar.
c) Os
textos I e II mostram uma posição contrária à atitude de Calabar, e a peça
demonstra uma posição indiferente em relação ao seu suposto ato de traição.
d) A peça
e o texto II são neutros com relaçao à suposta traição de Calabar, ao contrário
do texto I, que condena a atitude de Calabar.
e) A peça
questiona a validade da reputação de traidor que o texto I atribui a Calabar,
enquanto o texto II descreve ações positivas e negativas dessa personagem.
TEXTO.
Tu só, tu, puro amor, com força crua
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano.
Estavas, linda Inês, posta em sossego
De teus anos colhendo
Naquele engano da alma ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos
Aos montes ensinando e às ervinhas,
O nome que no peito escrito tinhas.
18. Os
Lusíadas, obra de Camões, exemplificam o gênero épico na poesia portuguesa,
entretanto oferecem momentos em que o lirismo se expande, humanizando os
versos. O episódio de Inês de Castro, do qual o trecho acima faz parte, é
considerado o ponto alto do lirismo camoniano inserido em sua narrativa épica.
Desse episódio, como um todo, pode afirmar-se que seu núcleo central:
a)
personifica e exalta o Amor, mais forte que as conveniências e causa da
tragédia de Inês.
b)
celebra os amores secretos de Inês e de D. Pedro e o casamento solene e festivo
de ambos.
c) tem
como tema básico a vida simples de Inês de Castro, legítima herdeira do trono
de Portugal.
d)
retrata a beleza de Inês, posta em sossego, ensinando aos montes o nome que no
peito escrito tinha.
e) relata
em versos livres a paixão de Inês pela natureza e pelos filhos e sua elevação
ao trono português.
TEXTO.
O
franciscano Roger Bacon foi condenado, entre 1277 e 1279, por dirigir ataques
aos teólogos, por uma suposta crença na alquimia, na astrologia e no método
experimental, e também por introduzir, no ensino, as idéias de Aristóteles. Em
1260, Roger Bacon escreveu:
"Pode
ser que se fabriquem máquinas graças às quais os maiores navios, dirigidos por
um único homem, se desloquem mais depressa do que se fossem cheios de
remadores; que se construam carros que avancem a uma velocidade incrível sem a
ajuda de animais; que se fabriquem máquinas voadoras nas quais um homem (...)
bata o ar com asas como um pássaro. (...) Máquinas que permitam ir ao fundo dos
mares e dos rios"
19.
Considerando a dinâmica do processo histórico, pode-se afirmar que as idéias de
Roger Bacon:
(A)
inseriam-se plenamente no espírito da Idade Média ao privilegiarem a crença em
Deus como o principal meio para antecipar as descobertas da humanidade.
(B)
estavam em atraso com relação ao seu tempo ao desconsiderarem os instrumentos
intelectuais oferecidos pela Igreja para o avanço científico da humanidade.
(C)
opunham-se ao desencadeamento da Primeira Revolução Industrial, ao rejeitarem a
aplicação da matemática e do método experimental nas invenções industriais.
(D) eram
fundamentalmente voltadas para o passado, pois não apenas seguiam Aristóteles,
como também baseavam-se na tradição e na teologia.
(E)
inseriam-se num movimento que convergiria mais tarde para o Renascimento, ao
contemplarem a possibilidade de o ser humano controlar a natureza por meio das
invenções.
TEXTO.
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos,
mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de
chumbo.
(…).
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se;
já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo
o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e
rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se
naquela fermentação sangüínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que
mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal
de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.
20.
Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma possível leitura do fragmento
citado:
a) No
texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é apresentado
como um personagem que, aos poucos, acorda como uma colméia humana.
b) O
texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais,
olfativos e auditivos.
c) O
discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço o
aspecto animalesco, “rasteiro” do ser humano, mas também a sua vitalidade e
energia naturais, oriundas do prazer de existir.
d)
Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos
introspectivos dos personagens, procurando criar correspondências entre o mundo
físico e o metafísico.
e)
Observa-se, no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante utilização de
metáforas e sinestesias, uma preocupação em apresentar elementos descritivos
que comprovem a sua tese determinista.
TEXTO.
O trecho
a seguir é parte do poema "Mocidade e morte", do poeta romântico
Castro Alves:
Oh! eu quero viver, beber perfumes Na flor silvestre, que embalsama os
ares;
Ver minh´alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n´amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma...
Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
- Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.
Mas uma voz responde-me sombria:
Terás o sono sob a lájea fria.
21. Esse
poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a
antevisão da morte prematura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece na
palavra:
(A) embalsama.
(B)
infinito.
(C)
amplidão.
(D)
dormir.
(E) sono.
TEXTO.
PSICOLOGIA
DE UM VENCIDO.
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
22. A
partir desse soneto, é correto afirmar:
I. Ao se
definir como filho do carbono e do amoníaco, o eu lírico desce ao limite
inferior da materialidade biológica pois, pensando em termos de átomos
(carbono) e moléculas (amoníaco), que são estudados pela Química, constata-se
uma dimensão onde não existe qualquer resquício de alma ou de espírito.
II. O
amoníaco, no soneto, é uma metáfora de alma, pois, segundo o eu lírico, o homem
é composto de corpo (carbono) e alma (amoníaco) e, no fim da vida, o corpo
(orgânico) acaba, apodrece, enquanto a alma (inorgânica) mantém-se intacta.
III. O
soneto principia descrevendo as origens da vida e termina descrevendo o destino
final do ser humano; retrata o ciclo da vida e da morte, permeado de dor, de
sofrimento e da presença constante e ameaçadora da morte inevitável.
Está(ão)
correta(s):
a) apenas
II.
b) apenas
III.
c) apenas
I e II.
d) apenas
I e III.
e) apenas
II e III.
TEXTO.
No trecho
abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro
estilo de época: o romantismo.
"Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era
talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais
voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as
mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a
realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe
maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das
mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo
passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação."
23. A
frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está
transcrita na alternativa:
(A) ... o
autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas...
(B) ...
era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça ...
(C) Era
bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e
eterno, ...
(D)
Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos ...
(E) ... o
indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.
TEXTO.
O trecho
abaixo é parte do último capítulo de Dom Casmurro, de Machado de Assis.
O resto é saber se a Capitu da Praia da Glória já estava dentro da de
Mata-cavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente.
Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como
no seu cap. IX, vers. I: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se
meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti”. Mas eu creio que não, e tu
concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que
uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca.
24.
Invocando aqui a memória e o testemunho do leitor de sua história, o narrador
arremata a narrativa:
a)
lembrando que os ciúmes de Bentinho por Capitu poderiam perfeitamente ser
injustificáveis.
b)
concluindo que a única explicação para a traição de Capitu é a força caprichosa
de circunstâncias acidentais.
c)
citando uma passagem da Bíblia, à luz da qual acaba admitindo a possibilidade
da inocência de Capitu.
d)
pretendendo que a personalidade de Capitu tenha se desenvolvido de modo a cumprir
uma natural inclinação.
e) se
mostra reticente quanto à convicção de que fora traído, sugerindo que
continuará ponderando os fatos.
TEXTOS.
Os textos
referem-se à integração do índio à chamada civilização brasileira.
I - "Mais uma vez, nós, os povos indígenas, somos vítimas de um
pensamento que separa e que tenta nos eliminar cultural, social e até
fisicamente. A justificativa é a de que somos apenas 250 mil pessoas e o Brasil
não pode suportar esse ônus.(...) É preciso congelar essas idéias colonizadoras,
porque elas são irreais e hipócritas e também genocidas.(...) Nós, índios,
queremos falar, mas queremos ser escutados na nossa língua, nos nossos
costumes."
II - "O Brasil não terá índios no final do século XXI (...) E por
que isso? Pela razão muito simples que consiste no fato de o índio brasileiro
não ser distinto das demais comunidades primitivas que existiram no mundo. A
história não é outra coisa senão um processo civilizatório, que conduz o homem,
por conta própria ou por difusão da cultura, a passar do paleolítico ao
neolítico e do neolítico a um estágio civilizatório."
25.
Pode-se afirmar, segundo os textos, que:
(A) tanto
Terena quanto Jaguaribe propõem idéias inadequadas, pois o primeiro deseja a
aculturação feita pela "civilização branca", e o segundo, o
confinamento de tribos.
(B)
Terena quer transformar o Brasil numa terra só de índios, pois pretende mudar
até mesmo a língua do país, enquanto a idéia de Jaguaribe é anticonstitucional,
pois fere o direito à identidade cultural dos índios.
(C)
Terena compreende que a melhor solução é que os brancos aprendam a língua tupi
para entender melhor o que dizem os índios. Jaguaribe é de opinião que, até o
final do século XXI, seja feita uma limpeza étnica no Brasil.
(D)
Terena defende que a sociedade brasileira deve respeitar a cultura dos índios e
Jaguaribe acredita na inevitabilidade do processo de aculturação dos índios e
de sua incorporação à sociedade brasileira.
(E)
Terena propõe que a integração indígena deve ser lenta, gradativa e
progressiva, e Jaguaribe propõe que essa integração resulte de decisão autônoma
das comunidades indígenas.
TEXTO.
Fragmento
I.
Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Fragmento
II.
É ela! é ela! — murmurei tremendo,
E o eco ao longe murmurou — é ela!
Eu a vi — minha fada aérea e pura —
A minha lavadeira na janela!
(…)
Esta noite eu ousei mais atrevido
Nas telhas que estalavam nos meus passos
Ir espiar seu venturoso sono,
Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!
Como dormia! que profundo sono!…
Tinha na mão o ferro do engomado…
Como roncava maviosa e pura!…
Quase caí na rua desmaiado!
(…)
É ela! é ela! — repeti tremendo;
Mas cantou nesse instante uma coruja…
Abri cioso a página secreta…
Oh! meu Deus! era um rol de roupa suja!
26. Os
fragmentos acima são de Álvares de Azevedo e desenvolvem o tema da mulher e do
amor. Caracterizam duas faces diferentes da obra do poeta. Comparando os dois
fragmentos, podemos afirmar que:
a) no
primeiro, manifesta-se o desejo de amar e a realização amorosa se dá plenamente
entre os amantes.
b) no
segundo, apesar de haver um tom de humor e sátira, não se caracteriza o
rebaixamento do tema amoroso.
c) no
primeiro, o poeta figura a mulher adormecida e a toma como objeto de amor
jamais realizado.
d) no
segundo, o poeta expressa as condições mais rasteiras de seu cotidiano, porém,
atribui à mulher traços de idealização iguais aos do primeiro fragmento.
e) no
segundo, ao substituir a musa virginal pela lavadeira entretida com o rol de
roupa suja, o poeta confere ao tema amoroso tratamento idêntico ao verificado
no primeiro fragmento.
TEXTO.
Leia o
texto abaixo, extraído do romance Memórias de um Sargento de Milícias, de
Manuel Antônio de Almeida.
“Desta vez porém Luizinha e Leonardo, não é dizer que vieram de braço,
como este último tinha querido quando foram para o Campo, foram mais adiante do
que isso, vieram de mãos dadas muito familiar e ingenuamente. E ingenuamente
não sabemos se se poderá aplicar com razão ao Leonardo.”
27.
Considere as afirmações abaixo sobre o comentário feito em relação à palavra
ingenuamente na última frase do texto.
I. O
narrador aponta para a ingenuidade da personagem frente à vida e às
experiências desconhecidas do primeiro amor.
II. O
narrador, por saber quem é Leonardo, põe em dúvida o caráter da personagem e as
suas intenções.
III. O
narrador acentua o tom irônico que caracteriza o romance.
Quais
estão corretas?
a) Apenas
I.
b) Apenas
II.
c) Apenas
III.
d) Apenas
II e III.
e) I, II
e III.
TEXTO.
Leia o
trecho abaixo, do conto “Um homem célebre”.
“A fama do Pestana dera-lhe definitivamente o primeiro lugar entre os
compositores de polcas; mas o primeiro lugar da aldeia não contentava a este
César, que continuava a preferir-lhe, não o segundo, mas o centésimo em Roma.”
28.
Assinale a resposta correta, tendo em perspectiva o conto referido.
a) O
narrador insinua que Pestana aspira a compor uma obra clássica.
b) A
alusão metafórica a César aponta para o anseio de poder político da personagem.
c)
Preferir o centésimo lugar em Roma significa o desejo da personagem de residir
naquela cidade.
d) Ter obtido
“o primeiro lugar entre os compositores de polcas” corresponde ao ideal
artístico de Pestana.
e) A
identificação com César remete a uma sintonia de Pestana com os ideais
imperialistas.
TEXTO.
“(…) esta aparência de cansaço ilude. Nada é mais surpreendedor do que
vê-la desaparecer de improviso. Naquela organização combalida operam-se, em
segundos, transmutações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente
exigindo-lhe o desencadear das energias adormecidas. O homem transfigura-se.”
29.
Assinale a frase que, retirada de Os sertões, sintetiza o trecho citado.
a) “é o
homem permanentemente fatigado”.
b) “o
sertanejo é, antes de tudo, um forte”.
c) “a
raça forte não destrói a fraca pelas armas, esmaga-a pela civilização”.
d)
“Reflete a preguiça invencível (…) em tudo”.
e) “a sua
religião é como ele — mestiça”.
TEXTO.
“(…) Estou me enganando, preciso voltar. Não sinto loucura no desejo de
morder estrelas, mas ainda existe a terra. É porque a primeira verdade está na
terra e no corpo. Se o brilho da estrela dói em mim, se é possível essa
comunicação distante, é que alguma coisa quase semelhante a uma estrela tremula
dentro de mim. Eis-me de volta ao corpo. Voltar ao meu corpo. Quando me
surpreendo ao fundo do espelho assusto-me. Mal posso acreditar que tenho
limites, que sou recortada e definida. Sinto-me espalhada no ar, pensando
dentro das criaturas, vivendo nas coisas além de mim mesma. Quando me
surpreendo ao espelho não me assusto porque me ache feia ou bonita. É que me
descubro de outra qualidade. Depois de não me ver há muito quase esqueço que
sou humana, esqueço meu passado e sou com a mesma libertação de fim e de
consciência quanto uma coisa apenas viva. (…)”
30.
Assinale, entre as alternativas a seguir, aquela em que todos os itens se
destacam em toda a obra de Clarice Lispector.
a) Prosa
intimista; busca da essência das coisas; os fatos em si importam menos do que a
repercussão dos fatos no indivíduo.
b) Prosa
poética; busca da essência das coisas; os fatos em si importam mais do que a
repercussão dos fatos no indivíduo.
c) Prosa
intimista; busca da essência das coisas; forte pessimismo.
d) Prosa
poética; engajamento religioso; intimismo.
e) Prosa
intimista; idealismo regionalista; os fatos em si importam menos do que a
repercussão dos fatos no indivíduo.
TEXTO.
Eis que de repente vejo que não sei nada. O gume de minha faca está
ficando cego? Parece-me que o mais provável é que não entendo porque o que vejo
agora é difícil; estou entrando sorrateiramente em contato com uma realidade
nova para mim e que ainda não tem pensamentos correspondentes e muito menos
ainda alguma palavra que a signifique. É mais uma sensação atrás do pensamento.
31. Neste
trecho de Clarice Lispector, expõe-se uma convicção muitas vezes determinante
para seu modo de produção ficcional:
a) o ato
de narrar persegue a revelação de coisas essenciais que desafiam a expressão.
b) a
narrativa deve registrar fielmente as ações sobre as quais o narrador se
debruça.
c) às
idéias mais claras e cortantes devem corresponder as palavras mais simples.
d) toda
história tem que determinar por si mesma o movimento natural das palavras.
e) só se
pode encontrar uma nova realidade quando se está liberto das puras sensações.
TEXTO.
Leia
estes trechos:
I. Dizem-se,
estórias. Assim mesmo, no tredo estado em que tacteia, privo, mal-existente, o
que é, cabidamente, é o filho tal-pai-tal; o “cão”, também, na prática verdade.
II. O
pecurrucho tinha cabeça chata e Macunaíma inda a achatava mais batendo nela
todos os dias e falando pro guri:
— Meu filho, cresce depressa pra você ir pra São Paulo ganhar muito
dinheiro.
32. Com
base nessa leitura, é INCORRETO afirmar que os dois trechos:
a)
assinalam a semelhança indiscutível entre pai e filho.
b)
reescrevem, à sua maneira, ditados e expressões populares.
c) referem-se
a situações que envolvem pai e filho.
d)
utilizam a linguagem coloquial do povo brasileiro.
TEXTO.
Chega! Meus olhos brasileiros se fecham saudosos. Minha boca procura a
“Canção do Exílio”. Como era mesmo a “Canção do Exílio”? Eu tão esquecido de
minha terra… Ai terra que tem palmeiras onde canta o sabiá!
33. Neste
excerto, a citação e a presença de trechos... constituem um caso de...
a) do
famoso poema de Álvares de Azevedo / discurso indireto.
b) da
conhecida canção de Noel Rosa / paródia.
c) do
célebre poema de Gonçalves Dias / intertextualidade.
d) da
célebre composição de Villa-Lobos / ironia.
e) do
famoso poema de Mário de Andrade / metalinguagem.
TEXTO.
Decerto a gente daqui jamais envelhece aos trinta nem sabe da morte em
vida, vida em morte, severina.
34. Neste
excerto, a personagem do “retirante” exprime uma concepção da “morte e vida
severina”, idéia central da obra, que aparece em seu próprio título. Tal como
foi expressa no excerto, essa concepção só NÃO encontra correspondência em:
a) “morre
gente que nem vivia”.
b) “meu
próprio enterro eu seguia”.
c) “o
enterro espera na porta.
o morto
ainda está com vida”.
d) “vêm é
seguindo seu próprio enterro”.
e) “essa
foi morte morrida ou foi matada?”.
TEXTO.
“Olho o Tejo, e de tal arte Que me esquece olhar olhando, E súbito
isto me bate De encontro ao devaneamento — Que é ser — rio, e correr? O que é
está-lo eu a ver?”
35. As
relações entre o homem e a natureza sempre estiveram presentes nas obras
literárias. Nos versos acima, de Fernando Pessoa, ortônimo, a visão do rio Tejo
produz, no eu-lírico do poema:
a)
indiferença, porque não gera nenhuma reflexão.
b)
oposição entre a sua alma e a do rio.
c)
saudade, visto ter sido o Tejo a porta de saída dos portugueses para as grandes
conquistas.
d) integração
com a natureza que o leva a refletir sobre a existência e a contemplação do
rio.
e)
desilusão, porque o homem está matando o rio.
TEXTOS.
I. “Ah,
o mundo é quanto nós trazemos. Existe tudo porque existo”.
II. “Da
minha pessoa de dentro não tenho noção de realidade. Sei que o mundo existe,
mas não sei se existo”.
36. Lendo
comparativamente os dois fragmentos, e considerando a proposta poética
pessoana, pode-se afirmar que:
a) Tanto
em Alberto Caeiro como em Fernando Pessoa “ele mesmo”, o eu é sempre uma
identidade “fingida”.
b) Há uma
espécie de neo-romantismo em Fernando Pessoa, devido ao centramento no eu.
c)
Observa-se uma permanência do naturalismo do século XIX, devido ao naturismo de
Caeiro.
d) Em
ambos, observa-se uma mesma relação entre o eu e o mundo.
TEXTO.
"Além de parecer não ter rotação, a Terra parece também estar
imóvel no meio dos céus. Ptolomeu dá argumentos astronômicos para tentar
mostrar isso. Para entender esses argumentos, é necessário lembrar que, na
Antigüidade, imagina-se que todas as estrelas (mas não os planetas) estavam
distribuídas sobre uma superfície esférica, cujo raio não parece ser
muito superior à distância da Terra aos planetas. Suponhamos agora que a Terra
esteja no centro da esfera das estrelas. Neste caso, o céu visível à noite deve
abranger, de cada vez, exatamente a metade da esfera das estrelas. E assim
parece realmente ocorrer: em qualquer noite, de horizonte a horizonte, é
possível contemplar, a cada instante, a metade do zodíaco.
Se, no entanto, a Terra estivesse longe do centro da esfera estelar,
então o campo de visão à noite não seria, em geral, a metade da esfera:
algumas vezes poderíamos ver mais da metade, outras vezes poderíamos ver menos
da metade do zodíaco, de horizonte a horizonte.
Portanto, a evidência astronômica parece indicar que a Terra está no
centro da esfera de estrelas. E se ela está sempre nesse centro, ela não se
move em relação às estrelas."
37. Os
termos além de, no entanto, então, portanto, estabelecem no texto relações,
respectivamente de:
a)
distanciamento - objeção - tempo – efeito.
b) adição
- objeção - tempo – conclusão.
c)
distanciamento - conseqüência - conclusão – efeito.
d)
distanciamento - oposição - tempo – conseqüência.
e) adição
- oposição - conseqüência – conclusão.
TEXTO.
I. "As
palavras, paralelamente, iam ficando sem vida. Já a oração era morna, depois
fria, depois inconsciente..."
II. "Nas
feiras, praças e esquinas do Nordeste, costuma-se ferir a madeira com o
que houver à mão: gilete, canivete ou prego. Já nos
ateliês sediados entre Salvador e o Chui, artistas cultivados preferem a
sutileza da goiva ou do buril."
III. "Ele
só se movimenta correndo e perdeu o direito de brincar sozinho na rua onde mora
- por diversas vezes já atravessou-a com sinal fechado para pedestres,
desviando-se de motoristas apavorados."
38. Nos
textos acima, o termo já exprime, respectivamente, a idéia de:
a) tempo,
causalidade, intensificação.
b)
oposição, espaço, tempo.
c) tempo,
oposição, intensificação.
d)
intensificação, oposição, tempo.
e) tempo,
espaço, tempo.
TEXTO.
"É comum, no Brasil, a prática de tortura contra presos. A tortura
é imoral e constitui crime. Embora não exista ainda na leis penais a
definição do 'crime de tortura', torturar um preso ou detido é abuso de
autoridade somado à agressão e lesões corporais, podendo
qualificar-se como homicídio, quando a vítima da tortura vem a morrer.
Como tem sido denunciado com grande freqüência, policiais incompetentes,
incapazes de realizar uma investigação séria, usam a tortura para obrigar o
preso a confessar um crime. Além de ser um procedimento covarde, que ofende a
dignidade humana, essa prática é legalmente condenada. A confissão obtida
mediante tortura não tem valor legal e o torturador comete crime, ficando
sujeito a severas punições."
39.
Pode-se afirmar que esse trecho é uma dissertação:
a) que
apresenta, em todos os períodos, personagens individualizadas, movimentando-se
num espaço e num tempo terríveis, denunciados pelo narrador, bem como a
predominância de orações subordinadas, que expressam seqüência dos
acontecimentos;
b) que
apresenta, em todos os períodos, substantivos abstratos, que representam as
idéias discutidas, bem como a predominância de orações subordinadas, que
expressam o encadeamento lógico da denúncia;
c) que
apresenta uma organização temporal em função do pretérito, jogando os
acontecimentos denunciados para longe do momento em que fala, bem como a
predominância de orações subordinadas, que expressam o prolongamento da
idéias repudiadas;
d) que
consegue fazer uma denúncia contundente, usando, entre outros recursos, a
ênfase, por meio da repetição de um substantivo abstrato em todos os
períodos, bem como a predominância de orações coordenadas sindéticas, que
expressam o prolongamento das idéias repudiadas;
e) que
consegue construir um protesto persuasivo com uma linguagem conotativa,
construída sobre metáforas e metonímias esparsas, bem como com a
predominância de orações subordinadas, próprias de uma linguagem formal,
natural para esse contexto.
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